Condições internas e externas pressionam spread bancário
A semana promete eventos e divulgações com potencial de impacto nos preços dos ativos. No Brasil, estão previstas as divulgações da nota de política monetária e operações de crédito, do Relatório Trimestral de Inflação e da nota de política fiscal na quarta, quinta e sexta-feira, respectivamente. Na economia internacional, serão apresentados na sexta-feira o índice de preços ao consumidor da União Europeia, e o deflator de gastos pessoais (PCE) nos Estados Unidos.
Considerando o cenário interno, a nota de política monetária e de operações de crédito revelará dados de concessões, inadimplência e spread bancário de maio. A previsão é que a recuperação tênue das concessões de crédito de meses anteriores, concentrada nas modalidades “livre”, tenha sido afetada pela greve dos caminhoneiros. A expectativa também é de elevação na inadimplência, em especial de pessoas físicas, ante o mês anterior.
Já o spread bancário seguirá pressionado, conforme observado abaixo impactado não apenas pela alta da inadimplência, mas também pelo cenário internacional. Isso porque os bancos brasileiros possuem passivos externos de US$ 133 bilhões no exterior. Desse valor total, 42% estão indexados a taxas flutuantes e, segundo dados do Banco Central, 37% do passivo externo dos bancos são de curto prazo. No cenário internacional corrente de aversão a risco e aperto monetário em economias centrais, é de se esperar que a parte do passivo externo dos bancos indexada a taxas flutuantes seja impactada por taxas de juros mais elevadas no exterior. E a parte desse passivo a vencer no curto prazo será renovada em condições menos favoráveis do que as vigentes.
Comparativos internacionais apontam que o spread bancário no Brasil é superior ao de outras economias, inclusive as emergentes. Isso deve a três fatores: a conta da volatilidade macroeconômica, ao ambiente legal menos favorável e aos custos administrativos das instituições financeiras brasileiras. Mesmo que este não seja o condicionante principal do spread bancário, o fomento à concorrência entre instituições financeiras pode ajudar a diminuir a nossa diferença de custo de intermediação financeira em relação a outras economias emergentes.
Gestão
O grande destaque da semana, que movimentou os mercados, foi o acirramento da guerra comercial entre Estados Unidos e China. O endurecimento do discurso por parte dos dois países provocou nova tensão nos mercados e perdas nas principais ações americanas e chinesas ao longo da semana.
No mercado local, a Bovespa também amargou fortes perdas na quinta-feira, após ensaiar uma recuperação no começo da semana. As ações da Petrobras novamente foram destaque de queda no dia 21, após o Tribunal Superior do Trabalho decidir contra a empresa em multa que poderá resultar em pagamento de R$ 17 bilhões a favor dos trabalhadores. A MAPFRE Investimentos acredita que esse processo não terá impacto no caixa da companhia no curto prazo, pois a Petrobras ainda irá recorrer da decisão em instâncias superiores, o que deverá se arrastar ainda por um longo período.
O câmbio por aqui ainda continua pressionado, e o Banco Central vem travando uma guerra diária contra o mercado, com o objetivo de reduzir a volatilidade e evitar maior desvalorização do real. Para a MAPFRE Investimentos, o ritmo de intervenção praticado atualmente não é sustentável até o final do período eleitoral, e a entidade deverá adotar outra estratégia.
No mercado de juros, o Copom decidiu manter a taxa Selic inalterada, como já precificava o mercado, mas alertou para o aumento do balanço de riscos internos e externos. A autoridade monetária também deixou a porta aberta para um eventual movimento de alta de juros nas próximas reuniões e comunicou que acompanhará a evolução do cenário e projeções de inflação antes de tomar qualquer atitude.
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