Mesmo com o feriado de Corpus Christi, a semana em curso reserva indicadores e eventos com potencial no impacto nos preços dos ativos. Contamos na arena doméstica com a reunião do Comitê de Política Monetária, o Copom, no dia 19. Na arena externa a atenção também estará na política monetária. O banco central norte-americano, o Fed, reúne-se no dia 19 para tomar decisões sobre taxa de juros. Mais relevante do que essa decisão serão as pistas sobre os futuros passos do Fed. É para lá que as atenções se voltarão.
Não é novidade que a economia norte-americana passa por seu mais longo ciclo de crescimento das últimas décadas. A taxa de desemprego nos EUA é a mais baixa desde 1969. Apesar disso, o contencioso comercial com a China pesa sobre as perspectivas econômicas. Diante disso, os membros do Fed já criaram o ambiente favorável para o afrouxamento monetário. Entre os agravantes estão as incertezas derivadas do Brexit e da desaceleração da economia global. Em meio a tantas dúvidas, a orientação da política monetária norte-americana parece ser a de manter o impulso ao crescimento. Mais do que antes, a falta de clareza sobre a dinâmica econômica coloca o Fed na defensiva.
Esse contexto econômico internacional tem efeitos de curto prazo na economia brasileira. Primeiro, o real tende a se apreciar frente ao dólar. Segundo, a taxa de juros de longo prazo tende a ceder. Esses dois efeitos já ocorreram nas últimas semanas. Identificamos relação positiva entre a taxa de juros longa no exterior e a taxa de juros longa domésticas neste ano, conforme figura abaixo. A primeira condiciona a segunda. Diga-se de passagem, esses 2 efeitos não são exclusividade da economia brasileira. Pelo contrário, foram observados em economias desenvolvidas e emergentes.
Além desses efeitos de curto prazo, o contexto internacional também tem efeitos de longo prazo na economia brasileira. O quadro de desaceleração da economia global limita a demanda externa e as exportações brasileiras, efeitos também já observados. Não por acaso a contribuição do setor externo para o crescimento do PIB foi negativa no primeiro trimestre deste ano. Isso significa que a economia brasileira não deve contar com o setor externo como dínamo, como ocorreu em momentos semelhantes de outros ciclos econômicos. Ou seja, mais do que no passado, estaremos no longo prazo dependentes da demanda interna para impulsionar a economia brasileira.
Cenário do setor de imóveis
O mercado imobiliário continua apresentando uma melhora em seus números e tem chamado atenção pela redução dos estoques disponíveis a venda.
Mesmo com as novas regras de distratos, que podem levar o comprador a perder até 50% do valor já pago em caso de cancelamento da compra, notamos que as incorporadoras vêm conseguindo reduzir suas unidades em estoque, conforme indicado pela linha vermelha do gráfico abaixo.
A Caixa Econômica Federal, que é a líder do setor com aproximadamente 70% dos financiamentos, anunciou no mês de junho redução de até 1,25pp ao ano na taxa de juros para financiamento de imóveis com recursos da poupança, taxa igual àquelas cobradas no modelo SFH (Sistema Financeiro de Habitação) e SFI (Sistema Financeiro Imobiliário), para imóveis com valor de até R$ 1,5 milhão. Com a redução, a taxa de juros da Caixa passou de 9,75%+TR para 8,5%+TR ao ano, a medida busca facilitar o acesso a clientes de alta renda e, dessa forma, diluir sua exposição ao segmento de baixa renda.
O banco também anunciou medidas para renegociação de dívidas, destacou a possibilidade de usar o saldo da conta do FGTS para reduzir valor da prestação, mudança de data de pagamento e da possibilidade de incorporação das parcelas atrasadas às próximas prestações. Adicionalmente, informou que contratos futuros poderão ser atrelados ao índice de inflação IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Esse movimento poderá deixar a prestação mais alta e arriscada para o tomador do financiamento.
O Programa Minha Casa Minha Vida apresentou novas regras em suas linhas de financiamento. Irá financiar apenas familiais com renda de até sete salários mínimos mensais (R$ 6.986 atualmente). O programa até então financiava famílias com renda de até R$9.000 mensais.
GESTÃO: Quando Parlamento dá a mão e o Ministro quer o braço
Sob choro e ranger de dentes da oposição, foi apresentado nesta semana o relatório da PEC da Previdência na CCJ. Malgrado os ansiosamente aguardados discursos inflamados e chicanas protelatórias de demiurgos de notável saber econômico, o relatório foi lido juntamente com o voto do relator e o prazo regimental para votação foi aberto.
O número mágico da economia prevista no relatório foi de R$ 913 bilhões, o que não é pouco para o país do Carnaval, onde há apenas poucas semanas foram às ruas centenas de milhares de pessoas defender reformas altamente impopulares em qualquer lugar do mundo. Sinal dos tempos. Ainda assim, apesar do avanço possível, houve quem torcesse o nariz pelas gambiarras, o que é compreensível.
Para todos os efeitos, o bom é inimigo do ótimo – ministro, não fique assim –, e alguns itens, mesmo que fora do relatório, poderão ser reintroduzidos no plenário por meio de destaques para votação em separado ou projetos de lei específicos noutra oportunidade. A semana na política, de tantas emoções como diria o Rei, não parou por aí. Vazamento criminoso de mensagens na cúpula da operação Lava Jato, demissão do ministro Santos Cruz, greve geral para inglês ver, sabotagens de navios petroleiros no Golfo de Omã, rompantes verborrágicos do mandatário americano à China e ao Irã, patotadas de toda ordem.
A Produção Industrial na China em maio (5% A/A) confirmou a continuidade do desaquecimento no gigante asiático, que anunciou medidas adicionais de estímulo, enquanto nos EUA as Vendas no Varejo avançaram 0,5% na passagem mensal, acima do esperado, contribuindo para reversão da queda do dólar verificada nas três últimas semanas. As expectativas renovadas de retomada no ciclo de cortes da Selic pelo BC, juntamente com índices de inflação contidos, deram continuidade à fechada das taxas no mercado DI em todos os vértices da curva de juros, enquanto os índices acionários tiveram ligeira valorização.
Para a próxima semana, destaque na China para a divulgação do índice de preços de residências referente a maio (anterior 10,7% A/A) e nos EUA para a reunião do FOMC e sua decisão sobre a taxa básica de juros. No Brasil, destaque também para a reunião do COPOM e sua decisão sobre a taxa básica de juros, bem como a divulgação dos dados do CAGED referentes à criação de postos de trabalho (anterior 129,6k).
Sobre a MAPFRE – No Brasil desde 1992, a MAPFRE é parte do grupo espanhol que forma uma das maiores empresas de prestação de serviços nos mercados segurador, financeiro, de saúde e pesquisa do mundo. Sólida e inovadora, está presente nos cinco continentes. Especialista nos segmentos em que atua, a MAPFRE opera com bases de negócios sustentáveis e é dividida em unidades de Investimentos, Consórcios, Capitalização, Previdência e Vida Resgatável, Saúde, Seguros, Assistência. A companhia ainda mantém a Fundación MAPFRE, instituição sem fins lucrativos, que promove e desenvolve atividades de interesse geral da população.
A unidade MAPFRE Investimentos é especializada na gestão de fundos de investimentos que atendem aos segmentos de pessoa física e jurídica, além de entidades de previdência complementar, totalizando hoje um volume superior a R$ 10 bilhões.